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A Associação Beneficente e Cultural dos Petroleiros (ABCP) surgiu durante a histórica greve de 1995, que durou 32 dias nacionalmente e 33 dias em Cubatão, reafirmando o Litoral Paulista como uma trincheira de luta e organização da categoria.
Contra a repressão e sanha privatista de FHC, os petroleiros derrotaram o projeto de entrega completa da companhia ao estrangeiro, parte naquela época da ofensiva neoliberal sobre os países periféricos. Mas não foi sem dores: demissões, tentativa de desmoralização dos sindicatos, repressão das Forças Armadas sobre os lutadores. Uma das provas mais contundentes de que a Justiça tem lado, o lado dos poderosos, foi a postura reacionária do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que considerou a greve abusiva. De quebra, multas milionárias foram impostas aos sindicatos.
Esta medida foi “pedagógica” para a categoria: para impedir que o dinheiro arrecadado coletivamente fosse sequestrado pelo Estado, os associados autorizaram que as mensalidades fossem transferidas do sindicato para a ABCP.
Neste mesmo ano, o Fundo de Greve, que já existia desde 1991, passou a integrar a Associação, que iria conquistar sua autonomia jurídica diante do Sindipetro-LP duas décadas depois, em 2011. Esta medida foi necessária para impedir que uma nova retaliação ao Sindicato, com o bloqueio de suas contas, por exemplo, prejudicasse o fundo construído pelos trabalhadores.
Foi graças a essa iniciativa, em uma contundente demonstração de solidariedade de classe e fraternidade, que os grevistas demitidos puderam ser assistidos. Até hoje, o dinheiro arrecadado pelos aposentados, pensionistas e ativos do Litoral Paulista garante, em caso de demissão motivada por greve, que o trabalhador punido receberá mensalmente seu salário até a última instância do processo trabalhista.
Nos últimos anos, a categoria realizou diversas greves, seguiu deflagrando mobilizações em defesa da Petrobrás e, felizmente, não houve novas demissões políticas. Diante disso, tivemos um período dedicado ao fortalecimento deste patrimônio da categoria.
Hoje, em plena Era Temer, em tempos de ofensiva brutal do capital sobre os trabalhadores, o patrimônio público e nossos recursos naturais, a construção e manutenção do Fundo, por meio da ABCP, se mostra uma iniciativa estratégia dos petroleiros.
A venda de ativos valiosos a preço de banana, o aprofundamento da entrega do pré-sal ao estrangeiro, as contrarreformas de Temer que atingem toda a classe trabalhadora, nos exige uma resistência à altura. Fruto do esforço coletivo, a ABCP é um instrumento da categoria que fortalece esta necessária luta. Não há tempo há perder, sem lutas não há conquistas.