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Desde os tiros de março de 2018, um crime político que não termina
Rosângela Ribeiro Gil
Redação ABCP
Com informações do Instituto Marielle Franco e Agência Brasil
Entre tantas feridas abertas no Brasil, a dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes segue causando dor. Conforme o Instituto Marielle Franco, foram 78 meses e mais de dois mil dias sem respostas, sem punição.
O crime ocorrido, na cidade do Rio de Janeiro, na noite de 14 de março de 2018, enlutou não apenas a família e os amigos mais próximos, mas o País. Foram seis anos de angústia, silenciamentos, mentiras, mas, ao mesmo tempo, de muitas manifestações e posicionamento dentro e fora do Brasil contra a barbárie política.
Vimos, de alguma forma, “autoridades” tentando dificultar a investigação. Em 2024, finalmente vimos as investigações começarem a revelar as tramas envolvidas no crime político. Mas ainda falta muita coisa vir à tona, ser descoberta e muita gente graduada aparecer como protagonista ou coadjuvante nos assassinatos.
No dia 30 de outubro último, começou o julgamento dos acusados por meio do Júri Popular: os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, réus confessos dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A finalização se deu no dia 31, no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro.
A sentença determinou 78 anos e 9 meses de prisão e 30 dias para o assassino Ronnie; e a 59 anos de prisão e 8 meses de reclusão e 10 dias para o assassino Élcio.
Pelos crimes de morte, o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público estadual, pediu ao Conselho de Sentença do 4º Tribunal do Júri a condenação máxima, que poderia chegar a 84 anos de prisão. O júri foi formado por sete homens e a juíza que presidiu o julgamento é Lucia Glioche.
Mandantes
Os acusados de serem mandantes dos crimes são os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, respectivamente, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) e deputado federal. O delegado Rivaldo Barbosa, chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro na época do crime, é acusado de ter prejudicado as investigações. Os três estão presos desde 24 de março último, depois das delações premiadas de Élcio e Ronnie.
Há um processo paralelo contra eles no Supremo Tribunal Federal (STF), que julga os irmãos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, por causa do foro. Também são réus no processo o ex-policial militar Robson Calixto, ex-assessor de Domingos Brazão, que teria ajudado a se livrar da arma do crime, e o major Ronald Paulo Alves Pereira, que teria monitorado a rotina de Marielle.
A motivação do assassinato de Marielle Franco, segundo os investigadores, envolve questões fundiárias e grupos de milícia. Foi um crime político!
As investigações precisam continuar para saber quantos mais estão envolvidos na determinação e no planejamento do crime.
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