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Lucro manchado de sangue

17/10/2024

  

Lucro manchado de sangue

Em menos de três dias, dois trabalhadores morreram dentro de ambientes da Petrobrás

Rosângela Ribeiro Gil
Redação ABCP

Os acionistas não choram. Os poderosos não choram. Para eles, pouco importa se o lucro venha manchado de sangue, o que interessa é acumular riqueza. O capital não tem coração.

Conforme informações do Sindipetro-NF, no dia 5 de outubro, o técnico Edson Lopes Almeida faleceu a bordo do FPSO Niterói da empresa Modec. Seu corpo foi encontrado no dia em que estava previsto para desembarcar, gerando uma onda de consternação entre colegas e familiares. E, em 7 de outubro, a engenheira Rafaela Martins de Araújo, 27 anos de idade, estava trabalhando para a MJ2 Construções, em uma obra no Terminal de Cabiúnas, em Macaé, quando foi atropelada por um rolo compressor, que teria perdido o freio, na estrada de acesso aos galpões do Terminal, área 5 do Compartilhado. Rafaela chegou a ser levada para a UPA mais próxima, mas não resistiu.

Rafaela e Edson prestavam serviços à Petrobrás, mas eram contratados de empreiteiras. Cenário mostra a petrolífera brasileira sob constante terceirização e consequente precarização de suas operações – da produção à administração

Como aceitar, no ambiente da Petrobrás, equipamento com falha no freio?

Para além das causas imediatas, quanto mais se aprofunda nas causas e raízes dos acidentes mais se constata o quanto a terceirização e a maximização do lucro contribuem para as disfunções organizacionais, que não protegem integralmente trabalhadoras e trabalhadores.

Foi acertada a posição das Federações de paralisarem as reuniões sobre PLR (inclusive, a empresa propõe valorizar menos os trabalhadores que mais estão expostos a política de insegurança). Mas é preciso ir além dos fóruns com a empresa.

A mobilização permanente e a luta coletiva sempre foram as principais ferramentas para conquistar maior comprometimento da empresa com a vida de todas as pessoas. A sociedade perde com os acidentes de trabalho!

Há de se cobrar investigação rigorosa sobre os acidentes, acompanhada pelos familiares e também pelas representações sindicais da categoria, das comissões internas de prevenção de acidentes (CIPAs, CIPLATs) e órgãos públicos.

Nossa solidariedade aos familiares e amigos de Rafaela e Edson. Os acidentes deixam um herança de sofrimento profundo, enquanto acionistas aumentam a conta bancária.

Não é fatalidade, é ganância

A “política” da produção sem segurança recai sobre a vida das pessoas que trabalham para receberem salário para sustentar a si mesmo e à família.

A falta de transparência com relação à terceirização dentro do Sistema Petrobrás e a redução do efetivo direto da empresa significam morte, doenças e mutilações.

A Petrobrás é orgulho do povo brasileiro e acabou de  completar 71 anos , a direção da empresa deve respeito aos trabalhadores e às trabalhadoras, à sociedade, por isso, não pode sucumbir à ordem do lucro a qualquer preço.

Pelo fim da terceirização! Nenhuma morte no Sistema Petrobrás!