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Oito de Março: a história de luta das mulheres contra a opressão

06/03/2024

  

Oito de Março: a história de luta das mulheres contra a opressão

Redação ABCP

Dia Internacional das Mulheres é parte da história de luta contra a exploração capitalista sobre o corpo da mulher 

O 8 de Março não é uma data para impulsionar as vendas do comércio, como o Dia das Mães, por exemplo. Muito menos para servir de demagogia patronal para entrega de presentinhos, como um batom ou algo do tipo. A mulher não é um objeto de uso e abuso. O corpo feminino não é uma peça descartável.

O 8 de Março nasceu de lutas concretas das mulheres trabalhadoras em todo o mundo contra o desrespeito, a violência, a desigualdade no trabalho, as jornadas extensas. Mulheres que já estavam nas ruas protestando desde o século XIX.

Nada é natural na sociedade em que vivemos. Entender como as estruturas econômicas e sociais funcionam é fundamental para não cairmos nas armadilhas que são colocadas em nosso caminho para nos desviar das lutas em defesa de direitos, da vida e contra o ódio. Conhecer a realidade em que estamos é um caminho.

Mais de dois séculos depois, a importância das lutas das mulheres é fundamental diante de um quadro de retrocessos. Entidades de pesquisas sérias, como o Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese) e o Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) ligado ao Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (IE-Unicamp), mostram o horror de uma sociedade capitalista baseada na exploração cruel que ganha impulso com a radicalidade de ódio da extrema-direita.

De acordo com estudo do Dieese, as mulheres são a maioria da população brasileira, mas ainda minoria nos espaços políticos e de poder, e muita que são eleitas cumprem uma agenda contra a liberdade e autonomia das mulheres:

“Nas eleições de 2022, mesmo com o aumento das candidaturas femininas - 33,3% de registros a mais nas esferas federal, estadual e distrital, segundo a Agência Senado -, apenas 302 mulheres, no total, conseguiram se eleger para a Câmara dos Deputados, o Senado, Assembleias Legislativas e governos estaduais, enquanto o número de homens eleitos chegou a 1.3941. A baixa participação das mulheres na política e nos espaços de liderança inviabiliza as pautas temáticas sobre gênero, dificultando mudanças. É necessário criar condições objetivas de participação feminina em todos os espaços de atuação, que levem em conta horários e a vida familiar, a maternidade, sem que as mulheres sejam obrigadas a escolher entre carreira, política ou família.”

Uma realidade presente no mercado de trabalho, conforme o Cesit, “a  construção  da  igualdade  entre  mulheres  e  homens,  brancas  e  negras  é  um  desafio  que  não  pode  ser  mais  secundarizado”. As estatísticas, como aponta o centro do IE-Unicamp, são importantes para mostrar a  dimensão  das  “desigualdades  e  mostrar caminhos que contribuam para a sua superação”. Há, ainda, “um longo  caminho  que  enfrente  não  somente  as  desiguais relações  de  gênero,  mas  também  a  desigualdade étnico-racial”. 

Segundo o Cesit, “a ampliação  do  mercado  e  o  estímulo  à  formalização  não  são  suficientes  para  alterar  as  desigualdades  estruturais  entre  gêneros  e  raça,  permanece  as  assimetrias  nas  proporções  entre  pessoas  na  força  de  trabalho  e  fora  da  força  de  trabalho,  ocupadas  e  desocupadas,  formais  e  informais,  trabalho  produtivo  e  reprodutivo  e,  tampouco,  reduziu  as  disparidades  salariais”.

O Cesit descreve o cenário brasileiro:

“Do  total  de  pessoas  em  arranjos  familiares  formados  por  responsáveis  sem  cônjuge  e  com  filhos  de  até  14  anos,  as  mulheres  representam  91%  e,  deste  universo,  70%  são  negras.  (SIS,2022).  As  mulheres  também  estão  entre  as  com  maiores  jornadas  no  trabalho  não  remunerado,  25  horas  semanais  é  o  tempo  dedicado  pelas  mulheres  ao  trabalho  doméstico  e  de  cuidados  e  cujo  rendimento  médio  equivale  a  ¼  de  salários  mínimos,  entre  os  homens  para  a  mesma  faixa  de  rendimentos,  o  tempo  dedicado  é  de  12h  semanais.  Essas  condições  comprometem o acesso e a permanência das mulheres no mundo do trabalho.” 

Feminicídio
Conforme dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados pelo  Dieese: “Uma mulher foi assassinada a cada 6 horas apenas no primeiro semestre de 2022. No total desse período, 699 mulheres foram mortas em situações de violência doméstica ou devido a questões que envolvem desdém ou discriminação à condição de mulher, crime denominado de feminicídio. São assassinatos cometidos por questões de poder, de misoginia, de não aceitação da mulher em outro papel que não seja aquele desenhado historicamente para ela pelo sistema social. Crimes praticados, majoritariamente, por companheiros ou conhecidos das vítimas.”

A luta na história
Há, também, uma disputa narrativa de como surgiu o Dia Internacional da Mulher, o 8 de Março. Com certeza, a que mais ganhou espaço na sociedade foi a das 129 operárias de uma fábrica têxtil que morreram carbonizadas, vítimas de um incêndio intencional no dia 8 de março de 1957, em Nova York, nos Estados Unidos, em retaliação aos protestos que faziam por melhores condições de trabalho e de salário.

Trabalhadoras russas também são fundamentais para contar a história. Milhares de tecelãs e mulheres de soldados do exército russo fizeram uma manifestação gigantesca por “Pão e paz” que tomou as ruas de Petrogrado (hoje São Petersburgo). Foi uma mobilização contra a monarquia e pelo fim da participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial.

Em 1921, na Conferência Internacional das Mulheres Comunistas, o dia 8 de março foi aceito como dia oficial de lutas das mulheres. A data foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975.

Confira
* O estudo do Dieese na íntegra aqui
* A pesquisa do Cesit aqui