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Para além do capitalismo, todas as vidas importam

28/06/2023

  

Para além do capitalismo, todas as vidas importam

Artigo de Anderson "Mancuso" do Nascimento Pereira
Engenheire de Petróleo
Presidente da ABCP e cipista no Edisa-Petrobrás

Neste mês, em que celebramos a diversidade, torna-se mais do que necessário refletir sobre a real situação das pessoas LGBTQIA+ no Brasil e no mundo. O 28 de junho, em específico, nos remete historicamente à Revolta de Stonewall (1969) onde, num bar em Nova Iorque (EUA), a população oprimida resistiu à violência policial. O episódio foi mais um capítulo de uma história de luta e resistência protagonizada pelas pessoas LGBTQIA+.

A combatividade é uma marca do movimento LGBTQIA+. Sabemos que nenhum avanço virá sem luta e que pesa sobre nós toda uma violência cotidiana favorecida por uma estrutura de Estado construída para manutenção da desigualdade de classe. Uma estrutura capitalista que herda, da colonização e da escravidão, o padrão civilizatório branco europeu cisnormativo, por isso, não permite o nosso protagonismo dentro dela.

As revolucionárias Sylvia Rivera e Marsha P. Johnson na linha de frente do protesto que ficou conhecido como Stonewall, de 1969, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Reprodução da imagem a partir do site https://www.nps.gov/articles/000/marsha-p-johnson-sylvia-rivera.htm.
As revolucionárias Sylvia Rivera e Marsha P. Johnson na linha de frente do protesto que ficou conhecido como Stonewall, de 1969, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Reprodução da imagem a partir do site https://www.nps.gov/articles/000/marsha-p-johnson-sylvia-rivera.htm.

Os movimentos que se destacaram contra o governo de extrema-direita foram os das mulheres, negros e negras e LGBTQIA+, junto com os demais movimentos sociais que não se calaram frente à política ecocida em andamento naquele momento ainda com mais força.

Após o período bolsonarista, vemos a pauta da diversidade ser retomada na empresa. Todavia, é preciso entender a limitação em que o debate corporativo é realizado, pois mais se assemelha a trazer uma norma de conduta e de comportamento. Muitas pessoas pensam que as pessoas LGBTQIA+, negras e mulheres precisam ensinar o caminho para a aprendizagem anti-LGBTQIA+fóbica-racista-machista.

Precisamos identificar que as opressões coexistem com a de classe. Por isso, as lutas contra a exploração e a opressão são indissociáveis. É uma pauta de toda a classe trabalhadora.

Não queremos que essa luta seja transformada numa roupagem provisória do ‘politicamente correta’ para as pessoas “vestirem” – ou se mascararem –, enquanto que no ‘chão de fábrica’, na relação familiar e social todas essas opressões continuam a ser reproduzidas fortemente.

O que deve estar em nosso horizonte é a mudança de toda esta estrutura capitalista que explora, oprime e mata; sem invalidar, contudo, a importância de ocuparmos cada vez mais espaços dentro da política, onde nossos direitos sempre foram retaliados, vide a intensa mobilização contra o debate sobre inclusão e gênero nas escolas e a violenta pauta de ataque às pessoas trans e travestis em espaços políticos institucionais, como o que vemos, hoje, nos Legislativos brasileiros – do Congresso Nacional, assembleias legislativas às câmaras municipais. Mas também em outras esferas de poder.

Reunimos quatro milhões de pessoas na rua, em São Paulo, para celebrar a parada do orgulho LGBTQIA+, um orgulho necessário contra todo este sistema que inferioriza, exclui e mata. O Brasil ainda está na lista dos países onde mais se mata pessoas LGBTQIA+. Toda esta estrutura social privilegia seletivamente a vida da classe dominante.

O movimento precisa crescer e ganhar capilaridade, seja nos espaços da política brasileira, no cotidiano da classe trabalhadora como sindicatos, nas escolas e em todos os espaços e organizações populares e culturais.

Quanto mais construirmos pontes entre todas as pessoas que lutam pela vida estaremos em maior proximidade da construção de um sistema onde todas as vidas realmente importam.