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A ABCP resgata alguns momentos, pois são muitos, de luta do companheiro Miro nesta homenagem. As fotos deste texto são do acervo pessoal do companheiro Sergio Mateus Fontes.
Rosângela Ribeiro Gil
Redação ABPC
Dois mil e vinte e três entrará na história da Categoria Petroleira do Litoral Paulista como o ano de dolorosas perdas. Uma delas é a de Waldomiro dos Santos Pereira Filho, ou simplesmente companheiro Miro. Morto em 8 de maio último, Miro nos deixou prematuramente, aos 57 anos de idade. Ele deixou esposa e filhos.
Com vasta e importante história de luta junto à Categoria Petroleira, Miro integrava a diretoria da ABCP, eleita em 2022. Em 2006, foi eleito para a diretoria do Sindipetro-LP. Foi coordenador-geral do sindicato até 2008.
Mas a grande contribuição do companheiro Miro não precisou de mandatos ou cargos em instituições sindicais. Ele lutava mesmo sem mandatos, mas, com orgulho, era cipista eleito da Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC) e soube honrar todos os dias a confiança da categoria em sua ação sindical, principalmente a luta em defesa da saúde do trabalhador e contra a contaminação por benzeno na RPBC e em outras empresas do Sistema Petrobrás.
Miro também teve papel fundamental nas lutas nacionais de organização e mobilização da Categoria Petroleira contra qualquer tipo de prejuízo ou capitulação por parte de governos e diretorias da empresa. Ele se manteve coerente, o tempo todo, com o que fazia no ‘chão de fábrica’ e depois ao assumir a direção do Sindipetro-LP, em 2006. Para Miro, era impensável trair a luta sindical de base, onde está o/a/e trabalhador/a/e[1].
Além da luta contra o benzenismo e pela saúde do trabalhador no local de trabalho, o companheiro Miro teve papel fundamental no pontapé inicial da criação da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), uma nova ferramenta de luta nacional da Categoria Petroleira que nasceu como Frente Nacional dos Petroleiros.
Operador na Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC), foi um firme combatente da nossa categoria. Em 2005, graças à luta incansável do Miro em defesa da saúde do trabalhador, 13 companheiros da RPBC que estavam com o hemograma alterado devido à exposição ao produto químico benzeno foram afastados do local de exposição ao agente químico cancerígeno benzeno. O movimento ficou conhecido como o “Grupo dos 13”.
As lutas de Miro também estão na memória dos que entraram mais recentemente na empresa, é o caso de Edemilson Chagas Santana, Técnico de Operação da UFCC da RPBC, que entrou em 2008. Ele recorda: “Uma coisa que me vem de imediato em relação ao Miro, era sua atuação e altivez como cipista. Recordo-me do "CIPA na Parada" nas paradas de manutenção das unidades. Os integrantes da CIPA se revezavam para dar suporte e fiscalizar os trabalhos na prevenção de acidentes e exposições químicas etc. E ele estava sempre presente nessa ação. Miro presente!”
Convidamos companheiros e companheiras que conheceram Miro onde ele mais gostava, na trincheira da luta do trabalhador, para falar como o seu nome está inscrito na melhor história de luta da Categoria Petroleira do Litoral Paulista e do Brasil.
Miro sempre guerreiro, presente!
Leia os textos
* Miro: humanidade, dignidade, caráter e respeito
* Falar na luta contra o benzenismo na Petrobrás é falar do companheiro Miro
* Miro lutou por um sindicalismo independente e de base
* A luta de Miro em defesa da saúde e vida do trabalhador petroleiro
* A forte presença do Miro na busca do sindicalismo de base na Petrobrás
[1] Em alguns momentos, neste texto, será utilizado o sufixo “es” relacionado à “linguagem neutra”, também conhecida como não-binária, para respeitar a diversidade.