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Quem não conhece a história, está fadado a repetir tragédias ou ser vítima de novos crimes.
Rosângela Ribeiro Gil
Redação ABCP
Imagem de destaque acima obra "Operários", de Tarsila do Amaral.
Neste 1º de maio de 2023, o Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora, cabe-nos fazer importantes reflexões sobre o mundo em que estamos metidos – instável, perigoso e de ataque constante ao trabalho regulamentado e à organização coletiva da classe trabalhadora. A Categoria Petroleira está inserida nesse processo de desconstrução da vida social a partir do coletivo e da justiça social e da imposição de uma forma de ver o mundo por uma ótica individualista e que atende apenas à acumulação do capital.
A cantilena do discurso neoliberal – reproduzida pelos seus capachos em todos os campos sociais da vida em sociedade: governos, parlamentos, representações do capital, mídia hegemônica, “especialistas” etc. – significou uma inflexão visceral na relações trabalhistas, no mundo e no Brasil.
Nos países do capitalismo central, ou desenvolvidos, o neoliberalismo fez a sua “revolução”, a partir do final dos anos 1970, especialmente com a chegada ao poder de Margaret Thatcher, na Inglaterra, em 1979, e de Ronald Reagan, nos Estados Unidos, em 1981. No Brasil, um país da periferia do capitalismo, as políticas neoliberais deram seus “primeiros passos” no final da década de 1980, notadamente com a eleição, em 1989, do presidente impichado Fernando Collor de Mello.
O discurso neoliberal, para ganhar corações e mentes, modaliza a vida em sociedade em antagonismos: passado e presente, antigo e moderno, legislado e negociado, rigidez e flexibilização, coletivo e individual, corporativismo e mérito, regulamentação e liberdade.
Os fetiches neoliberais “passeiam” nas nossas vidas como discursos naturais, como se fizessem parte da natureza. Existem porque existem: o capital e o trabalho, o patrão e o trabalhador, o emprego e o desemprego, a riqueza e a miséria, a guerra e a paz. E que por isso tendessem ao equilíbrio naturalmente e sem qualquer tipo de ação ou interferência legal ou do Estado nacional.
O mundo do trabalho foi vilipendiado nessas esferas discursivas. Do discurso à prática, foi num estalar de dedos. Das estatais classificadas como dinossauros, veio a privatização. Da privatização, a demissão. Do abandono da industrialização, a reprimarização da economia brasileira. Da desregulamentação do trabalho, a crescente precarização e o aumento de desemprego.
A nova forma de acumulação e exploração do capital conjuga uma engrenagem que se ampara na globalização, na financeirização, no mercado acima de tudo e de todos, numa ideologia que impõe uma forma de ver o mundo social, e sempre pela ótica do individualismo e da naturalização das injustiças sociais – a narrativa que se impõe é a da meritocracia. No neoliberalismo, temos o homem e a mulher com culpa e sempre endividados.
Série Primeiro de Maio: passado, presente e futuro:
* O falso brilhante neoliberal: trabalho sem regulação, terceirização e empreendedorismo
* Liberdade individual acima de tudo e de todos: a precarização
* A máquina neoliberal de triturar gente
* Breve história da classe trabalhadora brasileira por Waldemar Rossi