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Breve história da classe trabalhadora brasileira por Waldemar Rossi

29/04/2023

  

Breve história da classe trabalhadora brasileira por Waldemar Rossi

Imagem acima reproduzida a partir do documentário da TV Fepesp: "A Greve de 1917".

Rosângela Ribeiro Gil
Redação ABCP

Continuar a história da classe trabalhadora requer conhecer os/as nossos/as heróis e heroínas. Um deles é o metalúrgico e líder sindical Waldemar Rossi, morto em 2016, aos 83 anos de idade, e lúcido.

Sua história é um misto de luta e compromisso com a classe trabalhadora. Travou o bom combate. Metalúrgico aposentado, sempre gentil, também esteve presente na comissão da verdade, que investigava os crimes da Ditadura Militar no Brasil.

Em artigo publicado no Correio da Cidadania, em 2013, sabiamente Waldemar Rossi nos ensina, em breve relato, um pouco da história da classe trabalhadora brasileira. É a nossa homenagem aos que combateram sempre o bom combate por melhores direitos, salários e condições de trabalho em todas as categorias, como a dos petroleiros e petroleiras. Viva a classe trabalhadora, hoje e sempre!

Com a palavra o sempre presente Waldemar Rossi:

“O mo­vi­mento sin­dical bra­si­leiro passou por vá­rias fases em sua curta, mas fértil, his­tória de lutas, com muitas con­quistas e muitas der­rotas, sempre em busca de me­lhores con­di­ções de tra­balho, de sa­lário e, con­se­quen­te­mente, de vida.

Seus pri­meiros passos, no início do sé­culo XX, foram mar­cados pelo con­fronto ide­o­ló­gico com o ca­pital, uma ins­pi­ração do mo­vi­mento anar­quista que havia cres­cido na Eu­ropa, no sé­culo XIX, e ga­nhava es­paços na in­ci­pi­ente classe ope­rária bra­si­leira.

A partir do ano de 1922, com o sur­gi­mento do Par­tido Co­mu­nista Bra­si­leiro, travou-se séria dis­puta pela he­ge­monia das lutas ope­rá­rias no Brasil, entre a mi­li­tância do PCB e dos anar­quistas, com vi­ta­li­zação das lutas ope­rá­rias e o cres­ci­mento dos sin­di­catos li­vres, clas­sistas, muitas vezes com pro­postas re­vo­lu­ci­o­ná­rias. Mas também com o germe da di­visão da es­querda, na luta pelo co­mando do mo­vi­mento sin­dical livre.

Ge­túlio Vargas, ao as­sumir o go­verno, em 1930, pro­voca subs­tan­ciais mu­danças nos rumos do sin­di­ca­lismo bra­si­leiro, im­pondo sua le­ga­li­zação, seu atre­la­mento ao Mi­nis­tério do Tra­balho, co­lo­cando-o ofi­ci­al­mente como co­la­bo­rador do Es­tado. Negou aos tra­ba­lha­dores todo e qual­quer di­reito de or­ga­ni­zação a partir do local do tra­balho, en­quanto con­cedeu plenos po­deres para o em­pre­sa­riado. Se­gundo sua con­cepção, seria ne­ces­sário ter o con­trole do mo­vi­mento ope­rário para ga­rantir o cres­ci­mento da in­dus­tri­a­li­zação na­ci­onal, sem mai­ores per­calços. In­te­li­gen­te­mente, passou a con­ceder uma série de di­reitos rei­vin­di­cados pelas lutas ope­rá­rias das duas pri­meiras dé­cadas do sé­culo XX: jor­nada de 8 horas, fé­rias de 30 dias, pos­te­ri­or­mente a im­plan­tação do sa­lário mí­nimo aos tra­ba­lha­dores ur­banos, entre ou­tros di­reitos. Como se diz no in­te­rior, Vargas deu uma no cravo e outra na fer­ra­dura: atendeu parte das rei­vin­di­ca­ções his­tó­ricas, mas co­locou ré­deas nos sin­di­catos; fa­vo­receu enor­me­mente a in­dús­tria na­ci­onal, mas con­cedeu al­guns dos di­reitos re­cla­mados pelos tra­ba­lha­dores.

Muitos anos se pas­saram, o sin­di­ca­lismo ofi­cial teve mo­mentos de cres­ci­mento, apesar do seu atre­la­mento ao Es­tado, con­se­guiu mais al­gumas con­quistas, como o 13º sa­lário, e passou a bater de frente contra o que se cha­mava na época aos in­te­resses das mul­ti­na­ci­o­nais, sob a tu­tela do go­verno dos Es­tados Unidos. O golpe mi­litar de 1964 si­len­ciou a classe ope­rária, in­ter­veio nos sin­di­catos, amor­daçou e impôs der­rotas aos tra­ba­lha­dores.

Novas formas de or­ga­ni­zação ope­rária, porém, foram se cri­ando, à re­velia da di­ta­dura. A or­ga­ni­zação clan­des­tina no chão da fá­brica ga­nhou forças e, apesar da cruel re­pressão, acu­mulou forças, até que sua força re­pri­mida vi­esse à tona, com novo vigor, em 1978, a partir da greve da Scania, e sua ex­pansão pelo ABC, São Paulo e ou­tras ci­dades do país.”

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