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Imagem acima reproduzida a partir do documentário da TV Fepesp: "A Greve de 1917".
Rosângela Ribeiro Gil
Redação ABCP
Continuar a história da classe trabalhadora requer conhecer os/as nossos/as heróis e heroínas. Um deles é o metalúrgico e líder sindical Waldemar Rossi, morto em 2016, aos 83 anos de idade, e lúcido.
Sua história é um misto de luta e compromisso com a classe trabalhadora. Travou o bom combate. Metalúrgico aposentado, sempre gentil, também esteve presente na comissão da verdade, que investigava os crimes da Ditadura Militar no Brasil.
Em artigo publicado no Correio da Cidadania, em 2013, sabiamente Waldemar Rossi nos ensina, em breve relato, um pouco da história da classe trabalhadora brasileira. É a nossa homenagem aos que combateram sempre o bom combate por melhores direitos, salários e condições de trabalho em todas as categorias, como a dos petroleiros e petroleiras. Viva a classe trabalhadora, hoje e sempre!
Com a palavra o sempre presente Waldemar Rossi:
“O movimento sindical brasileiro passou por várias fases em sua curta, mas fértil, história de lutas, com muitas conquistas e muitas derrotas, sempre em busca de melhores condições de trabalho, de salário e, consequentemente, de vida.
Seus primeiros passos, no início do século XX, foram marcados pelo confronto ideológico com o capital, uma inspiração do movimento anarquista que havia crescido na Europa, no século XIX, e ganhava espaços na incipiente classe operária brasileira.
A partir do ano de 1922, com o surgimento do Partido Comunista Brasileiro, travou-se séria disputa pela hegemonia das lutas operárias no Brasil, entre a militância do PCB e dos anarquistas, com vitalização das lutas operárias e o crescimento dos sindicatos livres, classistas, muitas vezes com propostas revolucionárias. Mas também com o germe da divisão da esquerda, na luta pelo comando do movimento sindical livre.
Getúlio Vargas, ao assumir o governo, em 1930, provoca substanciais mudanças nos rumos do sindicalismo brasileiro, impondo sua legalização, seu atrelamento ao Ministério do Trabalho, colocando-o oficialmente como colaborador do Estado. Negou aos trabalhadores todo e qualquer direito de organização a partir do local do trabalho, enquanto concedeu plenos poderes para o empresariado. Segundo sua concepção, seria necessário ter o controle do movimento operário para garantir o crescimento da industrialização nacional, sem maiores percalços. Inteligentemente, passou a conceder uma série de direitos reivindicados pelas lutas operárias das duas primeiras décadas do século XX: jornada de 8 horas, férias de 30 dias, posteriormente a implantação do salário mínimo aos trabalhadores urbanos, entre outros direitos. Como se diz no interior, Vargas deu uma no cravo e outra na ferradura: atendeu parte das reivindicações históricas, mas colocou rédeas nos sindicatos; favoreceu enormemente a indústria nacional, mas concedeu alguns dos direitos reclamados pelos trabalhadores.
Muitos anos se passaram, o sindicalismo oficial teve momentos de crescimento, apesar do seu atrelamento ao Estado, conseguiu mais algumas conquistas, como o 13º salário, e passou a bater de frente contra o que se chamava na época aos interesses das multinacionais, sob a tutela do governo dos Estados Unidos. O golpe militar de 1964 silenciou a classe operária, interveio nos sindicatos, amordaçou e impôs derrotas aos trabalhadores.
Novas formas de organização operária, porém, foram se criando, à revelia da ditadura. A organização clandestina no chão da fábrica ganhou forças e, apesar da cruel repressão, acumulou forças, até que sua força reprimida viesse à tona, com novo vigor, em 1978, a partir da greve da Scania, e sua expansão pelo ABC, São Paulo e outras cidades do país.”
Série Primeiro de Maio: passado, presente e futuro:
* Primeiro de Maio: passado, presente e futuro do trabalhador e da trabalhadora
* O falso brilhante neoliberal: trabalho sem regulação, terceirização e empreendedorismo
* Liberdade individual acima de tudo e de todos: a precarização
* A máquina neoliberal de triturar gente