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Redação ABCP
Com informações da Agência Câmara
Em 21 de janeiro de 2023, a visita do presidente Lula, juntamente com diversos ministros do governo, mostrou para o País e para o mundo a tragédia vivida pelo povo Yanomami. O cenário de destruição, desumanidade e violência física e sexual levado pelo garimpo ilegal choca e mostra que existia um plano de liquidação da etnia por parte do ex-governo Bolsonaro. Genocídio é como se chama.
Imagem: Reprodução Ministro Luiz Marinho | Twitter. Janeiro de 2023.
A partir da visita presidencial, toda uma série de ações vem sendo planejada e colocada em prática em diversas frentes: a principal e mais urgente, é na área de saúde para salvar vidas, fazendo a remoção dos casos mais graves de desnutrição e de outras doenças de crianças e adultos; no plano legal, é a obrigatoriedade da retirada imediata do garimpo ilegal, assim como o levantamento de quem financia e está ganhando dinheiro com o crime para as devidas punições.
Crimes que só vão cessar quando os criminosos – dos que usam chinelo de dedo aos que moram em mansões, usam sapato de grife ou estão fora País – forem devidamente sentenciados com punições exemplares e rigorosas.
O que vimos neste início de ano, mostrando a face mais horrível da desumanidade patrocinada pelo ex-governo Bolsonaro, já vinha sendo denunciado há muito tempo. Pessoas foram assassinadas para esconder e não punir esse genocídio – não podemos esquecer nesse rastro de sangue os assassinatos do ex-funcionário da Funai, o indigenista Bruno Araújo Pereira – que foi exonerado no então governo do ex-presidente Bolsonaro, não pode nos esquecer disso! – e do jornalista inglês Dominic Phillips.
Denúncia pública
Em 26 de novembro de 2019, no primeiro ano do governo do ex-presidente Bolsonaro, foi realizada audiência pública conjunta de três comissões da Câmara dos Deputados, em Brasília. Na ocasião, a pesquisadora da Fiocruz Ana Vasconcellos alertava: “O povo Yanomami vive em uma condição de quase ausência total do Estado, o que configura uma situação de vulnerabilidade social muito grande, caracterizada pelo acesso reduzido aos serviços de saúde e total ausência de saneamento básico.”
Durante a audiência, Vasconcellos listou os problemas na Terra Indígena Yanomami, em Roraima: garimpo ilegal, violência, doenças e infraestrutura precária.
A pesquisadora da Fiocruz, à época, trouxe informações importantes sobre a maior terra indígena do País com quase 10 milhões de hectares e que abriga os Yanomami e os Ye’kuana, além de já ter registrado outros 13 povos isolados perto da fronteira com a Venezuela. Ela denunciou que a região era alvo de 7 mil a 10 mil garimpeiros ilegais em busca de ouro às margens dos rios Mucajaí e Uraricoera.
A pesquisadora da Fiocruz observou, ainda, o impacto do uso contínuo de mercúrio do garimpo sobre a saúde da população indígena, que vive da pesca nesses mesmos rios contaminados. Na audiência, a pesquisadora descreveu o cenário de genocídio planejado e sem qualquer tipo de ação do governo da época:
“As aldeias não têm água potável, não têm plano de manejo de resíduos sólidos nem esgotamento sanitário. Existem estudos que mostram altos níveis de desnutrição infantil e alta prevalência de doenças respiratórias, como pneumonia e tuberculose; e outras doenças, como malária e tungíase. Todo esse cenário – com a adição de mais um fator de risco, que é a exposição ao mercúrio em todas as suas formas químicas – pode sim promover o desaparecimento do povo Yanomami em algum tempo.”
Veja o vídeo sobre a situação do povo Yanomami, clicando aqui.