Aguarde, carregando...

SOMOS AUXÍLIO
SOMOS RESISTÊNCIA
SOMOS UNIÃO

Diretoria ExecutivaNOTÍCIAS

Artigo - A segurança dos petroleiros e da sociedade

02/08/2022

  

Artigo - A segurança dos petroleiros e da sociedade

Redaçao ABCP
Artigo publicado, originalmente, no jornal A Tribuna de Santos, à página A-2, no dia 2 de agosto de 2022

Quando o padrão de gestão do trabalho é inseguro toda a sociedade paga um preço alto.  O grau de perigo aumenta quando esse padrão é imposto em atividades de exploração, perfuração, produção e refino de petróleo. É preciso frisar que, mesmo em tais locais industriais, os acidentes podem e devem ser evitados. 

Os acidentes são eventos indesejáveis que matam, adoecem e mutilam trabalhadores, destroem o meio ambiente, contaminam ar, solo e água que afetam todas as pessoas que moram ao redor como também suas futuras gerações.

No Brasil, no ano de 2000, ocorreram dois grandes acidentes. Um rompimento de um oleoduto da Refinaria Duque de Caxias (Reduc, RJ) gerou grande impacto ambiental na Baía de Guanabara com contaminações de praias, costões, manguezais e unidades de conservação e de patrimônio histórico e outro ocorreu a ruptura da junta de expansão de um duto da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar, PR) despejando 4 milhões de litros de óleo que se espalhou pelos rios da região.

Considerando os acidentes em plataformas marítimas, em 1984, na plataforma de Enchova, um vazamento seguido de explosão matou 37 trabalhadores e, em 2001, o acidente na P-36 com explosões de um tanque de óleo e gás matou 11 pessoas, ambos os acidentes geram também forte impacto ambiental.

A análise dos acidentes revela muitas disfunções organizacionais e más condições de trabalho. Por isso, falar de condições adequadas de trabalho dentro de uma instalação, como a da indústria de petróleo, é falar de um quadro operacional e jornada de trabalho que viabilizem pausas adequadas entre os turnos de revezamento, que gerem menor necessidade de dobras e possibilitem menor exposição em tempo a produtos tóxicos. Isso significa prevenção acidentes de trabalho, operacionais e ambientais.

O trabalho dos petroleiros é perigoso, complexo, contínuo, coletivo, características que exigem um alto grau de competência e responsabilidade por parte dos trabalhadores, mas também por parte de quem comanda essas empresas que, normalmente, está longe do “chão de fábrica”. A integridade física, social e psicológica daqueles que trabalham no “chão de fábrica”, o bem-estar da sociedade e a preservação ambiental não podem ser tratados de forma secundária. Conciliar produção, saúde e segurança dá certo, o que não dá certo é o descompromisso com a vida, a sociedade e o meio ambiente.

Entre os dias 25 e 27 de julho, os petroleiros da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC) e a Unidade Termoelétrica (UTE) Euzébio Rocha, de Cubatão (SP), lutaram para garantir jornada de turno de revezamento em condições para realizar o trabalho da área operacional de forma segura, para garantir convívio social e familiar adequado e para manter a saúde mental, física e psicológica. A luta foi vitoriosa graças à unidade e garra dos trabalhadores, e esta vitória deve ser estendia a toda sociedade.

A Petrobrás precisa abrir concurso para completar o quadro operacional. Sabemos que a situação precária no “chão de fábrica” não perdoa. O pedido recente da empresa junto à Justiça Eleitoral para que seus trabalhadores não sejam convocados já é mais uma evidência da situação preocupante em que se encontra o quadro operacional.  

* Anderson do Nascimento Pereira, presidente da Associação Beneficente e Cultural dos Petroleiros do Litoral Paulista (ABCP-LP)