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Petrobrás em risco extremo. Onde estão os brasileiros ?

19/10/2021

  

Petrobrás em risco extremo. Onde estão os brasileiros ?

Da Redação da ABCP

Jair Bolsonaro agora informa que quer privatizar a Petrobrás. “Eu já tenho vontade de privatizar a Petrobrás”. Alega não suportar a pressão relativa aos preços do combustíveis. Ou seja, ao invés de resolver o problema, alterando a política de preços da companhia, decide por vende-la. Uma desculpa fantasiosa e fraca, para satisfazer os tolos. Depois de aprovar açodadamente o PLC 11/20, sem qualquer sentido, que fixa o valor de cobrança do ICMS, Arthur Lira, presidente da câmara federal, fala em privatizar a empresa. “Esta é a pergunta que terá de ser feita : não seria o caso de privatizar a Petrobrás?”   

De 1940 a 1980 o Brasil foi o país que mais cresceu industrialmente no mundo. Em 1980 a indústria brasileira produzia mais do que as industrias da China e da Coreia somadas. Este crescimento foi possível graças às nossas estatais (Siderbrás, Eletrobrás, Petrobrás, Telebrás etc.)  a grande maioria idealizadas ou criadas na era Vargas. Naturalmente este desenvolvimento incomodou o resto do mundo, que sempre desejou que o Brasil se limitasse a ser um fornecedor de alimentos e matérias primas. Logo iniciou-se um trabalho de desmoralização de nossas estatais, que passaram a ser chamadas de “paquidermes”. Era preciso privatiza-las para o país “crescer realmente” Foi o inicío da destruição das esperanças brasileiras.

Mas a Petrobrás, que sempre foi ponta no desenvolvimento tecnológico, não podia ser chamada de “paquiderme” . Seu conceito junto aos brasileiros sempre foi elevado. A corrupção apontada na Lava Jato teve forte impacto mas não suficiente para eliminar a confiança na empresa. Foi então criada a “mãe das mentiras” , sem apresentar qualquer número , foi inventado que a companhia tinha sérios problemas financeiros, uma dívida impagável. O trabalho da mídia foi tão forte que a mentira virou verdade. Foi assim que a confiança que o povo brasileiro tinha na Petrobrás se transformou em desprezo. Deu-se início à destruição. A empresa que em 2014 tinha uma receita líquida de US$ 144 bilhões viu este valor cair para US$ 54 bilhões em 2020. Sem qualquer protesto.

 A Petrobrás divulga em seu site a composição do preço do diesel pago pelo consumidor na bomba como vemos a seguir :

composicao

Vejam que a participação da companhia é de 54% do preço ao consumidor . Como o preço médio do diesel S500 neste período era de R$ 4,80 por litro (dados Petrobrás e ANP), a parcela da empresa é de R$ 2,59 (0,54 x 4,80) por litro.

Deste valor de R$ 2,59, apenas R$ 0,84 é custo da Petrobrás, que portanto tem uma margem de mais de 200% (vide clicando aqui). Portanto do preço de venda (R$4,80) mais de 36% é lucro da Petrobrás. Os impostos representam menos da metade deste valor. Fica claro que todo o problema está no preço da estatal. Todos sabem disto mas ficam discutindo o ICMS, para mostrar que tentam um solução .

Governadores tem fóruns de discussão do assunto mas ninguém aponta a verdade dos fatos. Qual será aparte de cada um neste butim ?

O deputado Paulo Ramos, em 1º de setembro p.p. fez requerimento ( CD 212527785900 )  para instauração de CPI na Petrobrás, sendo esta a única forma de se aprofundar os conhecimentos sobre o assunto, chegando à verdade. Estranhamente , passados mais de mês e meio , poucos foram os parlamentares que a subscreveram.

Recentemente, importantes e respeitadas entidades brasileiras ( Aepet, ABI, Clube de Engenharia, Cofecon e Febrageo)  assinaram manifesto pedindo o fim da política de preços da Petrobrás bem como uma CPI na instituição https://www.aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/6927-manifesto-da-aepet-e-entidades-exige-fim-do-ppi-com-cpi-na-petrobras

Mas ninguém quer escutar. Tem ouvidos de marcador. Vendem o futuro da nação despudoradamente, sem que o povo fique sabendo, pois nossa mídia,conivente, não informa. Ao que tudo indica esquerda e direita estão unidas pela destruição nacional, o resto é circo.

O circo da patifaria está montado. Os palhaços são muitos. O custo do espetáculo será pago pelo Brasil e seus cidadãos

Enquanto isto, nos bastidores, a Royal Dutch Shell aguarda, atrás de seu “biombo” chamado Raizen, o momento do bote final.

Onde estão os brasileiros ?

Cláudio da Costa Oliveira
Economista da Petrobrás aposentado