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Protestos de caminhoneiros no país têm chamado a atenção para o custo dos combustíveis derivados de petróleo no Brasil, situação que o consumidor já vem sentindo cotidianamente. Nos últimos 12 meses, o preço médio da gasolina aumentou 18%. Só em 2018, o crescimento foi de 3,37%.
Assim como no caso recente do gás de cozinha, para especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato, a alta dos combustíveis está diretamente associada à política de preços instituída em 2016 pela nova gestão da Petrobras. Pela medida, a estatal abriu mão de controlar diretamente o preço, evitando variações inflacionárias, para determiná-lo de acordo com o preço do mercado internacional.
Felipe Coutinho, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), lembra que a recente decisão da companhia em baixar o preço da gasolina e do diesel nas refinarias não significa o fim da política de preços, que, segundo os próprios executivos da empresa, deve continuar.
“Essa política tem consequências para a Petrobras. Quando ela pratica preços altos nas refinarias, ela viabiliza a importação por seus competidores e deixa suas refinarias ociosas. A política não beneficia a maioria dos brasileiros, que são consumidores diretos ou indiretos e também não beneficia a Petrobras, que tem se tornado uma exportadora de petróleo cru enquanto o país importa derivados de maior valor agregado”, critica. Segundo Coutinho, um quarto das refinarias estão ociosas.
Desmonte
Para Cloviomar Caranine, analista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e assessor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), a atual política de preços da Petrobras tem um objetivo simples: o desmonte da própria companhia. Ao equiparar o preço doméstico ao internacional e viabilizar a importação, o governo busca atrair as petrolíferas estrangeiras para a aquisição das refinarias da estatal, que só operariam no Brasil ante a garantia de preços mais altos. Recentemente, a Petrobras anunciou que pretende vender quatro de suas unidades de refino.
“Vamos imaginar que o Brasil não produzisse nenhum litro de petróleo, nem refinasse nada. Nesse mundo, o Brasil importaria todo gás de cozinha, gasolina e diesel. O preço seria o mesmo que é hoje. No mundo real, o Brasil produz três milhões de barris, pode refinar dois milhões e meio e consome 2,7 milhões. Ou seja, o Brasil é praticamente autossuficiente. Por que ter paridade no preço internacional se você pode produzir esse bem? O que poderia acontecer agora era o país, na contramão do mundo, abaixar o preço”, diz.
O preço, de acordo com Caranine, poderia ser reduzido de forma constante por conta do pré-sal, que tem garantido um petróleo de melhor qualidade ao país, o que gera menos custos para seu refino do que anteriormente. Para isso acontecer, entretanto, a Petrobras teria primeiro de voltar “a servir os interesses do povo brasileiro”, afirma o economista.
Edição: Thalles Gomes
Fonte: Brasil de Fato