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Redação ABCP
A produção de ciência e tecnologia de um país é fundamental para o seu desenvolvimento. Para tanto, é necessário um sistema nacional de inovação (SNI) que permita estar à altura do desafio do emparelhamento e difusão da tecnologia frente ao mundo cada vez mais competitivo e dominado pelo paradigma tecnológico das tecnologias de informação e comunicação (TICs), a chamada terceira revolução industrial. Há uma concorrência internacional muito feroz. São setores muito dinâmicos.
Uma política industrial que não se constrói de uma hora para a outra, nem tão pouco de forma isolada. Para tanto, é necessária uma visão sistêmica que integre indústria, Estado, sociedade para organizar planos de investimento em ciência, de políticas de comércio de exterior, de industrialização. “Só se consegue isso quando há um ambiente político favorável ao apoio de um projeto nacional de desenvolvimento, um projeto autônomo, onde o governo é parceiro das empresas para se criar um ambiente criativo, produtivo e industrial que tenha condições de competir internacionalmente”, observa o professor e engenheiro Marco Aurélio Cabral Pinto, da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Nesse horizonte, o sistema educacional é fundamental para o desenvolvimento de talentos. “É muito difícil pensar em um avanço da ciência tecnologia sistemático, no Brasil, sem um projeto brasileiro de longo prazo, e que aponte um caminho próprio. Ele não tem que ser um projeto fundamentado apenas para a atração do capital estrangeiro, mas um projeto fundamentado na potencialização do empresário nacional, da firma de capital nacional”, defende o professor.
Para enfrentar o poder das transnacionais – e respectivos governos, principalmente dos Estados Unidos – que dominam, hoje, grande parte das tecnologias mais avançadas, o Brasil precisa investir nele mesmo. Isso equivale a dizer investir em educação para todos, em pesquisa e desenvolvimento (P&D), em ciência, em saúde. Temos experiências de empresas muito bem-sucedidas no País, o caso da Petrobrás é emblemático em todos os sentidos – investe da pesquisa à exploração e produção.
Hoje, vemos que a inanição da ciência e da tecnologia, no País, remete a uma outra questão muito grave: a de sermos um país esperando a atração do capital estrangeiro e a vontade dele de entregar para a gente ou transferir alguma tecnologia para o País. “A nossa sociedade tem que aprender a valorizar a ciência e a tecnologia, aprender a valorizar as profissões, as atividades. E procurar se interessar mais pelo que é nacional”, exorta Cabral Pinto. Ele adverte: “Os brasileiros precisam ter consciência da rivalidade internacional.”