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Petrobras pode concluir a venda de sua rede gigante de gasodutos no Brasil ainda neste mês, no que poderia ser a maior venda de ativos da empresa, de acordo com o recém-nomeado presidente da estatal. A empresa espera receber as ofertas finais por 90% da rede de 4.500 quilômetros, conhecida como TAG (Transportadora Associada de Gás), de até três grupos, disse Roberto Castello Branco.
— Quero terminar o trimestre com esta notícia, mas não depende apenas de nós — afirmou, em entrevista concedida em Houston, nos EUA, onde participará da conferência CERAWeek by IHS Markit esta semana.
A Petrobras também espera anunciar nos próximos 30 dias uma decisão sobre a possível venda de sua participação multimilionária na Braskem. Além disso, afirmou Castello Branco, a Petrobras está está avaliando a venda de ações de seu negócio de postos de gasolina e pode vender algumas refinarias de petróleo no país.
Os possíveis acordos fazem parte do esforço da empresa em vender cerca de US$ 27 bilhões em ativos para reduzir a dívida. A Petrobras está se afastando de negócios que não considera essenciais para concentrar mais recursos na produção de petróleo offshore. Castello Branco deixou claro que quer acelerar o processo.
— Alguns fazem planos e promessas para três anos depois — disse Castello Branco, referindo-se à administração anterior. — Mas, três anos depois, eles não estão mais lá. Temos que aumentar a rentabilidade para os acionistas, e rápido.
Segunda rodada
A rede de gasodutos TAG abrange 10 estados do norte do Brasil. Na primeira rodada de licitações, a empresa francesa Engie S.A. e o fundo de pensão canadense Caisse de Dépôt et Placement du Québec apresentaram o lance mais alto, de aproximadamente US$ 8 bilhões, incluindo a dívida. A Petrobras realizará agora uma rodada final de licitação, após divulgar as condições da Engie, dando a todas as partes a oportunidade de oferecer um preço maior.
Braskem
A Petrobras ainda está avaliando o futuro de sua participação na Braskem, que compreende 36% das ações com direito a voto. O outro grande investidor da petroquímica, Odebrecht SA, recebeu uma oferta da LyondellBasell Industries NV que foi estendida a outros acionistas. Não há prazo formal para o negócio, mas a Petrobras espera receber a oferta e fechar questão se vende ou não até o final de março ou início de abril, de acordo o CEO. A Petrobras fará sua decisão com base no preço e, se considerá-lo baixo, tentará outros compradores. Há indicações de que há outros interessados no ativo, disse ele.
— No caso da Braskem, e da indústria petroquímica, não somos o dono natural. E, neste caso, pior ainda, não somos operadores, somos investidores financeiros —, disse ele. — A Braskem é um ativo financeiro para a Petrobras, e não somos um fundo de investimentos.
A BR Distribuidora, rede de 8.500 postos de combustível, também está na lista de possíveis desinvestimentos, mas a venda está fora de cogitação por enquanto. Em vez disso, a Petrobras está considerando uma oferta secundária de ações. Uma decisão final pode vir em breve, mais rápido do que o modelo para as refinarias, disse Castello Branco.
O plano do governo anterior de vender participações em dois clusters de refinarias da Petrobras não foi longe o suficiente para promover a concorrência no setor, que ainda é quase totalmente controlado pela estatal, acrescentou Castello Branco. Ele disse que quer vender mais da metade das refinarias da empresa e que um plano deve ser anunciado dentro de três meses, no máximo.
Fonte: Epoca