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A rede Globo ontem anunciou o resultado publicado pela Petrobrás ( lucro de R$ 25 bilhões em 2018) como se fosse um grande sucesso.
Um marco na “recuperação” da empresa.
Como sempre, entrevistando lobistas representantes do capital estrangeiro, principais interessados no desmonte da companhia.
Muito foi falado sobre a importância da venda de ativos e da nova política de preços para os resultados alcançados. Na verdade estes dois temas são os de principal interesse do capital estrangeiro.
De um lado a venda de ativos, porque eles (capital estrangeiro) são os interessados na compra destes ativos a preço de banana. De outro a política de preços que penaliza o consumidor brasileiro e a Petrobrás ao mesmo tempo em que transfere renda para as refinarias estrangeiras. Tudo já fartamente demonstrado em artigos publicados pela AEPET.
Há muito tempo a rede Globo já demonstra de que lado está quando o assunto é Petrobrás.
Em 2008, Carlos Alberto Sardenberg vaticinava “O pré-sal só existe na propaganda do governo”. Ou seja, o pré-sal era uma mentira.
Em 20 de dezembro de 2015, com a queda do preço do petróleo no mercado internacional, em editorial a Globo dizia “ O pré-sal pode ser um patrimônio inútil”
Em abril de 2016, novamente Sardenberg afirmava “Quebraram a estatal, ou ela faz um acordo judicial ou vai precisar de aporte de recursos do Tesouro para poder sobreviver”. Nem um nem outro ocorreram, pela contrário, a Petrobrás é que adiantou recursos para aliviar o caixa do BNDES e mesmo assim terminou o ano com mais de US$ 20 bilhões em seu próprio caixa.
Sardenberg não se retratou.
Agora, com este resultado de 2018, querem mais uma vez nos fazer engolir uma notícia falsa.
Todos sabemos que no último mês de dezembro o TST, por unanimidade, deu ganho de causa aos petroleiros no processo da RMNR. A Petrobrás tinha a obrigação de publicar o ocorrido em nota em “Fatos Relevantes”, mas não o fez.
Juridicamente está mais do que claro de que é “provável” que a Petrobrás terá de pagar a RMNR e, sendo assim, o valor correspondente teria de ser provisionado no resultado de 2018. Mas a Petrobrás não fez a provisão. Onde está a CVM ?
A rede Globo não sabe disto ? Os entrevistados dela não sabem disto ?
Estamos falando de um montante em torno de R$ 22 bilhões. Isto derrubaria o lucro para apenas R$ 3 bilhões. E agora ? Como justificar que em 2018, em mais uma “arte” de Pedro Parente, foram antecipados dividendos aos acionistas, na forma de juros sobre o capital próprio, de mais de R$ 7 bilhões ? Nada a declarar CVM ?
Muito foi falado também sobre o atingimento da meta dívida liquida / ebitda ajustado. Um indicador desnecessário criado exclusivamente para justificar venda de ativos. No próprio glossário apresentado pela empresa (vejam no fim da apresentação RMF) é explicado Ebitda Ajustado “ Esta métrica não é prevista nas normas internacionais de contabilidade e é possível que não seja compatível com índices similares apresentados por outras companhias”. Ou seja o indicador não é padronizado. Então por que utiliza-lo ? É apenas uma “sopa de letrinhas” para confundir o entendimento das pessoas. O mais correto seria não mais apresenta-lo.
De qualquer forma o que constatamos é que não há necessidade de venda de ativos para reduzir a dívida da Petrobras. Ao final de 2014 a dívida líquida da Petrobras era de US$ 115,4 bilhões, ao final de 2018 era de US$ 69,4 bilhões. Portanto houve uma queda de US$ 46 bilhões. Neste período a arrecadação da companhia com venda de ativos foi de apenas US$ 11,5 bilhões. Ou seja, 75% da redução da dívida foi feita com a utilização da geração de caixa da empresa. A venda de ativos era desnecessária para reduzir a dívida. Mais uma mentira desmascarada.
À partir de agora, com a entrada em atividade de novas unidades produtoras, a geração de caixa da Petrobrás vai crescer muito, sendo mais do que nunca desnecessário vender ativos.
A Petrobrás sempre foi, e continua sendo, uma empresa altamente lucrativa e fortíssima geradora de caixa. Sem precisar da ajuda de ninguém.
Em 2006 , portanto 12 anos atrás, a companhia registrou um lucro líquido de R$ 26 bilhões sem grandes alardes. Não existia pré-sal e muito menos interesse estrangeiro e da rede Globo.
Hoje antes de falar em lucro, a Petrobrás tem de cumprir com suas obrigações com os petroleiros, não só pela RMNR como pelo déficit da Petros que é de sua única e total responsabilidade.
Cláudio da Costa Oliveira
Economista da Petrobras aposentado