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Executivo anuncia a funcionários de São Paulo o Plano de Demissão (PDV) da Petrobras

27/02/2019

  

Executivo anuncia a funcionários de São Paulo o Plano de Demissão (PDV) da Petrobras

Em uma reunião tensa e a portas fechadas na sede administrativa da Petrobras, em São Paulo, o gerente executivo de gestão de pessoas, Claudio Costa, indicou que a empresa demitirá parte dos 800 funcionários que trabalham no edifício da Avenida Paulista. O prédio será fechado até o fim deste ano. “Não dá para absorver todo mundo. Algumas pessoas não ficarão na companhia. Dá para absorver todo mundo que aqui está? Não. Algumas pessoas não ficarão”, disse, segundo uma gravação obtida por ÉPOCA do encontro que aconteceu no fim da tarde desta segunda-feira (25). De acordo com um funcionário, o clima era de nervosismo e indignação. Participantes deixavam aos prantos a sala antes do término da reunião.

De acordo com o executivo, ficará em São Paulo apenas o que é “essencial e ultranecessário para a performance da companhia”. “Talvez muitos de vocês não permaneçam na companhia nos próximos ciclos de suas vidas, pessoais e profissionais”, reforçou. O executivo ainda citou que uma das possibilidades para os funcionários remanescentes é o trabalho em bases de coworking, “com um custo menor” do que os sete andares que ocupa no edifício na Avenida Paulista.  

Uma das alternativas para enxugar o quadro de funcionários será o lançamento de um plano de aposentadoria voluntária entre maio e abril. “Algumas [pessoas] vão poder decidir por escolha própria não permanecer na companhia”, disse Costa. O plano, no entanto, não evitará demissões, pois não há vagas para todos os empregados, sobretudo em um contexto de venda de refinarias e fechamentos de sedes. A ideia não é repor a totalidade dos trabalhadores, mas reaproveitá-los a partir de um processo seletivo específico para cada posto.

O departamento de recursos humanos está em diálogo com as unidades da empresa para auxiliar no processo de transferência de alguns colaboradores. Porém, algumas áreas, como a de refino, não possui postos suficientes. Neste caso, a solução será a demissão. “Não tem crescimento de vagas [na empresa]. Vamos buscar recolocação de pessoas em carreiras específicas, em função da necessidade da organização”, explicou Costa. Um novo encontro com o executivo está previsto para o dia 10 de março.

O objetivo da medida é a redução de custos administrativos, parte de um plano maior de desinvestimentos que devem somar US$ 15 bilhões até 2023. A Petrobras tinha 80 mil colaboradores em 2015, no auge da Operação Lava Jato, e hoje conta com cerca 60 mil. Há quatro anos, o endividamento da petroleira era de US$ 135 bilhões, contra US$ 72,88 bilhões reportados no último balanço, de novembro — o menor valor desde 2012. “Se não fizermos isso hoje [desinvestimento] daqui a duas décadas essa empresa não existirá mais. Em 2015 essa empresa estava literalmente falida”, disse Costa. “Tenho amigos da Ford que estão passando pelo mesmo processo”, comparou, ao citar a montadora de São Bernardo do Campo, que vai fechar as portas.  

De acordo com Costa, o que está ocorrendo é uma redução de atividades em São Paulo e não somente uma desocupação predial. Sobre a venda de refinarias, disse que as empresas serão vendidas com os empregados. “Algumas áreas serão fortalecidas. O desenvolvimento de produção no pré-sal será muito fortalecido. Outras áreas serão desinvestidas e privatizadas. Algumas nem privatizadas serão, serão fechadas, porque não tem nem interesse de mercado em fazer aquisição daquele ativo. Quando não tiver interesse de mercado, será fechado.”

Sobre os terceirizados, a perspectiva é de que haja mais redução no efetivo. Os funcionários que serão demitidos, terceirizados ou não, devem contar com o apoio de uma consultoria contratada pela estatal. Ainda no encontro, Costa afirmou que os investimentos da companhia nos próximos meses serão focados no pré-sal e na Bacia de Santos. Além disso, falou que as áreas de refino e distribuição não são lucrativas.

Reunião de emergência

Questionada sobre as demissões, a Petrobras informou por meio de sua assessoria de imprensa que avalia implementar dois tipos de programas de desligamento: um voluntário e outro por acordo individual. Também disse que "como os estudos estão em curso", ainda não há detalhes ou cronogramas definidos.

Sobre a sede da empresa em São Paulo, a mais cara mantida atualmente pela empresa, disse a desocupação acontecerá até junho e que a economia estimada é superior a R$ 100 milhões. "Os gestores responsáveis pelas atividades que hoje são realizadas no prédio estão avaliando quais delas realmente precisam permanecer na capital paulista e quais podem ser realocadas em outros imóveis da companhia no estado, como a sede da UO-BS [Bacia de Santos] ou as refinarias, ou mesmo na sede, no Rio de Janeiro."

O Sindipetro SP também se manifestou dizendo que dirigentes da petroleira receberam representantes do sindicato na sede da estatal no Rio de Janeiro para discutir uma possível transferência dos trabalhadores de São Paulo (mais de 400 empregados próprios) para a capital carioca. “Mas deixou-se aberta a possibilidade de uma parte do efetivo continuar em São Paulo ou em outro local”, diz o texto. Uma nova reunião de emergência foi convocada para esta quarta-feira, às 13h30, na sede de São Paulo.